Arthur Caldeira
Yamaha Lander XTZ 250 e Honda XRE 300 são as principais concorrentes no segmento de motos
trail de média capacidade cúbica – não são pequenas como as 125/150cc e
nem grandes e caras como as de 600cc. Ambas têm a proposta de serem
motos de uso misto, ou seja, saem-se bem tanto no asfalto como na terra.
Nenhuma delas foi projetada especificamente para o fora de estrada.
Aliás, há algum tempo, as motos de uso misto têm se tornado mais “on” do
que “off-road”.
A própria XTZ 250 Lander, lançada
em 2006, era menos off-road que a sua então concorrente Honda XR 250
Tornado. A posição de pilotagem, o banco mais confortável, balança
traseira em aço, entre outros itens de seu projeto denunciavam que a
trail da Yamaha chegava para atender aqueles motociclistas
que querem ter uma moto para usar na cidade e, nos finais de semana,
dar aquela esticada até o sítio e encarar uma estrada de terra. Mesmo
assim, a XTZ 250 ainda manteve o design dos modelos fora-de-estrada.
A Honda XRE 300 foi apresentada
em 2009 para substituir Tornado e Falcon em uma tacada só. Os
engenheiros da Honda perceberam que os trilheiros que usavam a Tornado
em enduros haviam migrado para a CRF 230F e, como a Falcon não atenderia
o Promot 3, criaram uma moto assumidamente de uso misto, deixando um pouco de lado sua vocação off-road.
Para isso, aumentaram a capacidade cúbica do motor
para 300 cc, adotaram injeção eletrônica, e equiparam a XRE 300 com o
tão pedido freio a disco na traseira. Além disso, apostaram em um design
mais aventureiro, com o polêmico visual “bico de pato” que já havia
sido utilizado pela BMW na F 650 GS e pela Suzuki na DR 800. Ainda
dotaram a nova XRE de um largo e confortável banco em dois níveis,
bagageiro de série e um tanque de 12,4 litros, que davam a ela
credenciais para encarar viagens mais longas.
Por se tratar de um projeto mais novo, a
XRE 300 traz mais evidente essa tendência das motos trail ficarem mais
“dentro da estrada” do que fora dela. Porém, ambas oferecem suspensões
de longo curso, rodas de 21 polegadas na dianteira, pneus de uso misto
(aliás, as duas saem de fábrica com os Metzeler Enduro 3, porém em
medidas diferentes). Juntamente com a posição de pilotagem bastante
ereta e natural, com um guidão aberto, XRE 300 e XTZ 250 encaram bem uma
estrada de terra, alguma lama, mas “encalham” em trilhas.
Desempenho
A primeira diferença entre XRE 300 e
Lander 250 é óbvia: a capacidade cúbica do motor. Com comando duplo no
cabeçote, refrigeração a ar com radiador de óleo e 291,6 cm³ de
capacidade, o motor de um cilindro da Honda oferece 26,1 cavalos de
potência máxima a 7.500 rpm.
Já a Yamaha tem comando simples,
refrigeração a ar também com radiador de óleo e 250 cm³ de capacidade, o
monocilíndrico da Lander produz 20,1 cavalos a 8.000 rpm. Apesar da
potência declarada pelas empresas ser tão diferente, a velocidade final
de ambas não é tão díspar como se poderia imaginar: ambas chegam a 130
km/h sem esgoelar, com uma leve vantagem para a XRE 300.
Mas o que importa é como ambas chegam
até lá. Com o torque de 2,81 kgf.m a 6.000 rpm melhor aproveitado pelo
câmbio de cinco marchas, a XRE 300 demonstra mais fôlego e uma
aceleração mais vigorosa – apesar disso cobra um pouco pelo ruído
excessivo produzido pelo motor. Nessa situação de aceleração, os 2,09
kgf.m de torque máximo a 6.500 rpm dão a impressão que a moto da Yamaha
é, de fato, um pouco mais lenta. Por outro lado, seu motor apresenta um
funcionamento menos ruidoso.
Vale dizer que a diferença de desempenho não chega a ser um fator decisivo na hora da compra. Ou seja, não espere que a XRE 300 seja um “foguete” perto da XTZ 250, porque não é.
Vale dizer que a diferença de desempenho não chega a ser um fator decisivo na hora da compra. Ou seja, não espere que a XRE 300 seja um “foguete” perto da XTZ 250, porque não é.
A adoção da injeção eletrônica na linha
300 cc também contribuiu para acabar com a fama de beberrão do motor
Honda. Durante o teste a XRE 300 rodou 28 km com um litro de gasolina –
em uso na cidade, estrada e na terra. Enquanto a Lander teve média de
consumo de 28,5 km/litro.
Uma diferença mais perceptível é a
agilidade dos dois modelos. Apesar de ambos terem rodas de 21 polegadas
na dianteira e 18, na traseira, e usarem o mesmo modelo de pneu, as
medidas são diferentes. Enquanto a XRE 300 usa um pneu dianteiro
90/90-21, portanto com 90 mm de largura, a Lander tem um pneu mais
estreito (80/90-21), que se reflete em mais agilidade nas mudanças de
direção. O menor peso da Yamaha – 132 kg a seco contra os 144,5 kg da
XRE – também contribui para a sensação de que a Lander é mais ágil. Como
de fato é.
Instrumentos e acessórios
Além do desempenho e consumo, outros
fatores têm de ser levados em conta. A Lander, desde seu lançamento,
traz um completo painel multifuncional de leitura digital. A Honda
também caprichou no painel da XRE 300. Na extinta Tornado já era
digital, mas agora traz conta-giros e marcador de combustível.
Destaque também para o potente farol da
XRE 300 com lâmpada de 55 Watts. No modelo Yamaha, a lâmpada do farol é
de apenas 35 Watts que, apesar do bom trabalho do refletor, fica devendo
se comparado com a Honda. Porém a fábrica ficou devendo o útil
lampejador de farol na XRE. Item de série na Lander e que, pelo preço e
porte do modelo, também deveria estar presente na XRE 300.
Por outro lado, a Honda instalou um belo
e também útil bagageiro de série na XRE 300. Na Lander o item é vendido
como acessório opcional.
Preço
O quesito preço não ficou por último por
acaso. Além de pesar bastante na hora de decidir qual das duas trails
comprar, a diferença de preço entre elas é grande. Enquanto a Yamaha XTZ
250 Lander, ano e modelo 2010, está sendo comercializada por R$ 12.000
nas concessionárias da marca na capital paulista, a Honda XRE 300 versão
standard (sem freios ABS) está sendo vendida em média por R$ 13.600.
Uma diferença de preço de mais de 10% que pode pesar bastante na hora da
decisão.
Pois mesmo que a XRE 300 tenha o status
de novidade, rodas e balança em alumínio e motor um pouco mais potente, a
grande diferença de preço não se justifica na hora do uso. O desempenho
não é tão superior e o design, apesar de me agradar, é polêmico e
muitos torcem o nariz.
Quando lançou a XTZ 250 Lander, a Yamaha
superou a Tornado com um modelo mais moderno, dotado de injeção
eletrônica, enfim uma moto de uso misto mais de acordo com a tendência
do mercado. A Honda agora dá o troco com a XRE 300: uma moto superior,
ainda de acordo com a proposta mais on do que off-road, que a Lander.
Tem motor mais potente, bom consumo, banco confortável, que dão vantagem
ao modelo Honda. Porém a diferença de preço pesa e muito a favor do
modelo Yamaha.
FICHAS TÉCNICAS:
Honda XRE 300
Motor: monocilíndrico quatro tempos, quatro válvulas, duplo comando no cabeçote (DOHC) e arrefecido a ar com radiador de óleo
Capacidade cúbica: 291,6cc
Potência máxima: 26,1 cv a 7.500 rpm
Torque máximo: 2,81 kgf.m a 6.000 rpm
Diâmetro x curso: 79,0 x 59,5 mm
Alimentação: Injeção eletrônica de combustível
Relação de compressão: 9,0: 1
Sistema de ignição: Eletrônica
Partida: Elétrica
Câmbio: Cinco velocidades
Embreagem: Multidisco em banho de óleo
Suspensão Dianteira: Garfo telescópico com 245 mm de curso
Suspensão Traseira: Monoamortecida com 225 mm de curso
Freio Dianteiro: Disco simples de 256 mm de diâmetro e pinças de dois pistões
Freio Traseiro: Disco simples de 220 mm de diâmetro e pinça de pistão simples
Pneu Dianteiro: 90/90 – 21M/C (54S)
Pneu Traseiro: 120/80 – 18M/C (62S)
Chassi: Berço semiduplo
Dimensões (C x L x A): 2.171 mm x 830 mm x 1.181 mm
Altura do assento: 860 mm
Altura mínima do solo: 259 mm
Entre-eixos: 1.417 mm
Capacidade do tanque: 12,4 litros (2,3 litros de reserva)
Peso seco: 144,5 kg
Cores: Preta, vermelha e amarela metálica
Preço: R$ 13.600 (preço médio praticado nas concessionárias de São Paulo - SP)
Motor: monocilíndrico quatro tempos, quatro válvulas, duplo comando no cabeçote (DOHC) e arrefecido a ar com radiador de óleo
Capacidade cúbica: 291,6cc
Potência máxima: 26,1 cv a 7.500 rpm
Torque máximo: 2,81 kgf.m a 6.000 rpm
Diâmetro x curso: 79,0 x 59,5 mm
Alimentação: Injeção eletrônica de combustível
Relação de compressão: 9,0: 1
Sistema de ignição: Eletrônica
Partida: Elétrica
Câmbio: Cinco velocidades
Embreagem: Multidisco em banho de óleo
Suspensão Dianteira: Garfo telescópico com 245 mm de curso
Suspensão Traseira: Monoamortecida com 225 mm de curso
Freio Dianteiro: Disco simples de 256 mm de diâmetro e pinças de dois pistões
Freio Traseiro: Disco simples de 220 mm de diâmetro e pinça de pistão simples
Pneu Dianteiro: 90/90 – 21M/C (54S)
Pneu Traseiro: 120/80 – 18M/C (62S)
Chassi: Berço semiduplo
Dimensões (C x L x A): 2.171 mm x 830 mm x 1.181 mm
Altura do assento: 860 mm
Altura mínima do solo: 259 mm
Entre-eixos: 1.417 mm
Capacidade do tanque: 12,4 litros (2,3 litros de reserva)
Peso seco: 144,5 kg
Cores: Preta, vermelha e amarela metálica
Preço: R$ 13.600 (preço médio praticado nas concessionárias de São Paulo - SP)
Yamaha XTZ 250 Lander
Motor: monocilíndrico, quatro tempos, duas válvulas, comando simples no cabeçote (OHC) e arrefecido a ar com radiador de óleo
Capacidade cúbica: 249 cm³
Potência máxima: 20,7 cv a 8.000 rpm
Torque máximo: 2,09 kgf.m a 6.500 rpm
Diâmetro x curso: 74 x 58 mm
Alimentação: Injeção eletrônica de combustível
Relação de compressão: 9,8: 1
Sistema de ignição: Eletrônica
Partida: Elétrica
Câmbio: Cinco velocidades
Embreagem: Multidisco em banho de óleo
Suspensão Dianteira: Garfo telescópico com 240 mm de curso
Suspensão Traseira: Monoamortecida com 220 mm de curso
Freio Dianteiro: Disco simples de 245 mm de diâmetro e pinça de dois pistões
Freio Traseiro: Disco simples de 203 mm de diâmetro e pinça de pistão simples
Pneu Dianteiro: 80/90 – 21M/C (54S)
Pneu Traseiro: 120/80 – 18M/C (62S)
Chassi: Berço semiduplo
Dimensões (C x L x A): 2.125 mm x 830 mm x 1.180 mm
Altura do assento: 875 mm
Altura mínima do solo: 245 mm
Entre-eixos: 1.390 mm
Capacidade do tanque: 11 litros
Peso seco: 132 kg
Cores: Azul, vermelha e preta
Preço: R$ 12.000 (preço médio praticado nas concessionárias de São Paulo - SP)
Motor: monocilíndrico, quatro tempos, duas válvulas, comando simples no cabeçote (OHC) e arrefecido a ar com radiador de óleo
Capacidade cúbica: 249 cm³
Potência máxima: 20,7 cv a 8.000 rpm
Torque máximo: 2,09 kgf.m a 6.500 rpm
Diâmetro x curso: 74 x 58 mm
Alimentação: Injeção eletrônica de combustível
Relação de compressão: 9,8: 1
Sistema de ignição: Eletrônica
Partida: Elétrica
Câmbio: Cinco velocidades
Embreagem: Multidisco em banho de óleo
Suspensão Dianteira: Garfo telescópico com 240 mm de curso
Suspensão Traseira: Monoamortecida com 220 mm de curso
Freio Dianteiro: Disco simples de 245 mm de diâmetro e pinça de dois pistões
Freio Traseiro: Disco simples de 203 mm de diâmetro e pinça de pistão simples
Pneu Dianteiro: 80/90 – 21M/C (54S)
Pneu Traseiro: 120/80 – 18M/C (62S)
Chassi: Berço semiduplo
Dimensões (C x L x A): 2.125 mm x 830 mm x 1.180 mm
Altura do assento: 875 mm
Altura mínima do solo: 245 mm
Entre-eixos: 1.390 mm
Capacidade do tanque: 11 litros
Peso seco: 132 kg
Cores: Azul, vermelha e preta
Preço: R$ 12.000 (preço médio praticado nas concessionárias de São Paulo - SP)
Fotos: Gustavo Epifanio
Fonte:
Agência Infomoto
http://www.moto.com.br/testes/conteudo/yamaha_lander_encara_nova_honda_xre_300-29020.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário